Transcrito do Blog do Reinaldo Azevedo:
23/01/2012
às 16:40Maria das Graças e seu marido. Ou: A família do petróleo & gás
Em novembro de 2010, reportagem de Fernanda Odilla, da Folha, informava — e não houve contestação — que, desde 2008, a C.Foster, de propriedade de Colin Vaughan Foster, marido de Maria das Graças, futura presidente da Petrobras, havia assiando 42 contratos, sendo 20 sem licitação, para fornecer componentes eletrônicos para áreas de tecnologia, exploração e produção a diferentes unidades da estatal. À época, ela cotada para o Ministério das Minas e Energia.
Huuummm… Talvez a C.Foster seja mesmo a melhor da área. Também entendo o fato de o casal ter interesse comum em petróleo, gás e coisa e tal. É comum os casais partilharem de certos gostos. O que é incomum — e seria em qualquer país democrático do mundo — é a mulher (ou o marido) presidir a principal empresa do Estado que compra serviços fornecidos pelo cônjuge. Collin e Maria das Graças podem ser dois franciscanos, dois Caxias, mais honestos e retos do que as freiras dos pés descalços. E daí? Isso é diferente da, por exemplo, “Rede Bezerra Coelho”?
Na própria base aliada, fosse outro o partido de Maria das Graças, que não o PT, e já haveria um enorme bochicho. Como é com petistas, sabem como é… A regra é a seguinte: os não-petistas, especialmente se oposicionistas, são sempre culpados ainda que não haja nem indícios contra eles. Já os companheiros são sempre inocentes, até mesmo contra as provas.
Eu olho para esse ar, vamos dizer, severo de Maria das Graças e só consigo pensar em sua dedicação aos derivados de petróleo. Gente que sabe fazer cara de brava sempre leva alguma vantagem sobre os de aparência mansa. Mas e daí? Ela terá de arbitrar, sim — ou algum subordinado dependente de suas graças o fará por ela — questões que dirão respeito aos negócios do marido. Se ele já mudou de ramo, não sei. Mas é claro que seria o caso, né?
A Petrobras até chegou a fazer uma investigação interna para saber se havia alguma incompatibilidade entre a atuação do marido de Maria das Graças e a da própria. Não se encontrou nada. No máximo, constatou-se que ela não era muito querida pela equipe porque parece compartilhar com Dilma certo gosto por, como direi?, dar um esculachos nos subordinados. Braveza de chefe, que deixa a equipe triste ou ressentida, é coisa do mundo da fofoca e de publicações de auto-ajuda. Para mim, é o de menos. Acho que Maria das Graças tem de ser, segundo reza o clichê ainda válido, como a mulher de César: não basta ser honesta; tem também de parecer honesta.
Ora, se o marido dela pode, por que os demais maridos e demais mulheres não podem? Não há de ser porque ela tem esse ar de quem só pensa em derivados de petróleo e gás.
Continua aqui
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