segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

UMA PARTE DA HISTÓRIA DA NOSSA POLÍTICA.

REMONTANDO UMA HISTÓRIA DA NOSSA HISTÓRIA:
Se a história tende a se apresentar cíclica, ainda há esperança...
Em 1631, os membros do Senado da Câmara do Rio de Janeiro solicitaram a construção de um edifício especialmente projetado para servir de sede para a cadeia e para Câmara, como era comum nas cidades coloniais da América Portuguesa.
A coroa portuguesa autorizou as obras em 1639 e o mestre-pedreiro Francisco Monteiro foi contratado para executá-las. Escolhido o local, próximo ao largo do Carmo, ao lado da igreja de São José, a obra demorou mais de 20 anos para ser concluída.
Em 1663 foi iniciada a construção de um segundo pavimento, em 1747 se concluiria uma nova reforma no prédio da Cadeia Velha, que adquiriu então o seu tradicional aspecto. Com a instalação da família real portuguesa no Paço, em 1808, os serviçais da coroa foram acomodados na antiga cadeia, que passou a ser ligada ao edifício vizinho por um passadiço.
A Cadeia Velha notabilizou-se por ser a sede da Assembléia Constituinte, da Câmara dos Deputados no Império e durante as primeiras décadas da República. Foi demolida em 1922 para dar lugar à construção de um novo edifício-sede, mais imponente para a Câmara dos Deputados: o Palácio Tiradentes, portanto neste instante a história começa a mudar e se voltar contra o povo...
Hoje como se sabe, os "nobres" Deputados não possuem mais a cadeia como endereço, nem a velha, que não existe mais, nem as mais recentes, embora o instinto criminoso venha atravessando gerações... Armaram-se de uma superestrutura que os mantém incólumes por sua rapinagens erárias. Montaram durante os anos um conglomerado de leis protetivas de ordem constitucional que os imunizam e os mantém impunes por suas torpezas morais, lato sensu...
Portanto, a Cadeia Velha do Rio de Janeiro, uma das primeiras prisões brasileiras, tinha capacidade para 150 presos, mas comportava 253. Foi então que o então vice-governador escreveu uma carta ao Rei pedindo dinheiro para aumentar a prisão, caso contrário: “que não se prendam os que delinquirem daqui em diante por não haver onde se recolham”
Deu-se início a impunidade política no Brasil... Surgiu neste momento da história, ainda sem o "nomen iuris" atual, a ideia da impunidade. Quem cometesse crimes naquelas circunstancias não seria recolhido a cadeia, manteria-se solto, sem a devida pena privativa de liberdade... Esta ideia foi incorporada pela classe política aos dias hodiernos, havendo de diferente tão apenas uma prévia seleção das pessoas que podem cometer crimes (imunes, blindados) de forma a não comprometer ainda mais a superlotação de nossos presídios atuais, que conforme visto, teve seu início com a cadeia velha. Na seleção dos imunes encontram-se os membros do sistema político de poder... Seria esta a lógica para omissão do poder público na construção de presídios? Para que se mantenham em eterno estado de superlotação e não se possa prender os selecionados pelo sistema que delinquirem?
Em 1767, o viajante inglês John Luccok escreveu que a Cadeia Velha parecia uma jaula de animais ferozes e que os presos também pareciam animais, e acrescentou ainda, que “roda-de-pau” era o nome dado às surras que os carcereiros davam nos detentos. Esta é sem dúvida uma parte da história que a sociedade sonha com seu retorno, o dia em que parte dos políticos deste país não colocassem a sociedade na "roda de pau", saíssem do status de sujeito ativo desta prática, representando desta forma a vontade popular para o que foram eleitos, e entrassem como sujeitos passivos da "roda de pau"... Quem não sonha ou ao menos sonhou com esse dia? 
Aos poucos, como se percebeu ao longo da história, os "nobres" Deputados, "legítimos representantes dos interesses do povo" passaram a adotar a praticada hoje política da autotutela dos interesses privados, em nítida contraposição aos interesses sociais do povo...
Ao invés de regenerados pela cadeia velha, mostra a história, que nossos Deputados saíram degenerados e prontos para o processo de vingança social ao longo do tempo ...
É na raíz da história que encontro a explicação da classe dos usurpadores sociais, os políticos deste país, que ao se mostrarem candidatos a um mandato político incorporam todo ódio espiritual contido na cadeia velha e se vingam pelo lugar que ocuparam durante tantos anos e que jamais deveriam ter deixado... Se assim houvesse permanecido, ser político não teria se tornado a sonhada profissão de hoje...
Somos regidos pelo espírito do Cadeião, que incorpora cada político eleito deste país assim que adentra ao recinto dos cadeiões mais modernos e planejados por Oscar Niemeyer...

Segue a imagem da cadeia velha em seu desenho tradicional, a cadeia nova vocês já conhecem o aspecto e entendi discipiendo trazê-la neste post:

PS: Esta crônica mistura dados reais e analogias fictícias com a realidade. Em nenhum momento busco incitar qualquer tipo de violência física por parte da sociedade em resposta a violência moral que sofremos diariamente em nossas dignidades...

MAIS CRÔNICAS DESTE AUTOR PODERÃO SER ENCONTRADAS EM:
www.mosaicodelama.blogspot.com

2 comentários:

  1. Muito bom!
    Venho reparando que o Leonardo Sarmento além de extremamente inteligente, culto, corajoso e irônico (no melhor sentido) é o único que não só neste site, como na maioria dos sites, cria realmente crônicas. A grande maioria apenas copia matérias de jornais e revistas e dá uma opinião obvia e que nada acrescenta. Por isso parabéns Leonardo. É para quem pode, não para quem quer, é verdade.

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  2. Excelente!!!
    Este blog devia mandar este texto para a Câmara!! hehe

    A Lilian está correta, ele é o cara q melhor escreve na internet que já vi. O blog dele estava nos meus favoritos antes mesmo de começar a vir nesse.

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