Papa critica descriminalização do aborto
Quinta-Feira, 28 Outubro 2010Bento XVI manifestou-se hoje, 28 de Outubro, contra os «projectos políticos» que contemplam, «aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia», recebendo um grupo de Bispos brasileiros. A posição é assumida a poucos dias da segunda volta das eleições presidenciais no Brasil, marcada para o próximo Domingo, 31 de Outubro. Segundo o Papa, quando não se defende a vida «o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases».
A campanha eleitoral no maior país sul-americano tem sido marcada pelas críticas de vários membros da Igreja à candidata do PT, Dilma Rousseff, pelo seu posicionamento em relação ao tema do aborto. No discurso, muito centrado na intervenção da Igreja Católica nestas matérias, Bento XVI afirmou que «quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas».
«Seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, económicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural», defendeu o Papa. Bento XVI disse mesmo que os Bispos não devem «temer a oposição e a impopularidade» pelo seu empenho em favor dos «mais fracos e os mais indefesos», como é o caso de «um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal».
Citando o seu discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em 2007, o Papa sublinhou que «em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum». Neste ponto, acrescentou, tocam-se «política e fé», frisando que «a religião católica é parte integral» da história do Brasil.
Em defesa dos «valores da vida humana e da sua transcendência», o Papa quis ainda deixar um apelo em favor da «educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado». Por outro lado, Bento XVI recordou que «a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito».
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